CANTOCHÃO. Feria Quarta. Passio Secundum Lucam. Séc. XVI (1501-1550).

Belo cantochão desenhado pela mesma mão sobre pergaminho, contendo 32 folhas, a primeira folha com a capitular iluminadas a ouro (Julgamos que seja da autoria de António de Holanda). Exemplar que pertenceu ao Convento de Nossa Senhora do Populo como indica na folha de guarda com os dizeres manuscritos "Pertinet ad Conventum Duce Nie de Populo Bracara Augusta". Encadernação da época em marroquim sobre tabuas de madeira com falta dos fechos e os dizeres a ouro nas pastas "Feria IIII. Passio Secvmdvm Lvcam".

Cantochão é a denominação aplicada à prática monofônica de canto utilizada nas liturgias cristãs, originalmente desacompanhada. Historicamente, diversas formas de rito cristãos, como a Moçárabe; Ambrosiana ou Gregoriana organizaram a música utilizada em repertórios, a partir daí intitulados a partir do rito do qual fizessem parte: Canto Gregoriano; Canto Moçárabe e Canto Ambrosiano, por exemplo. Formadas principalmente por intervalos próximos como segundas e terças, melodias do cantochão se desenvolvem suavemente, sendo o ritmo baseado na prosódia dos textos em latim. O cantochão é o principal fundamento da chamada música ocidental, sobre o qual toda a teoria posterior se desenvolve, ao contrário de outras artes que apontam para a época clássica da civilização greco-romana, ou até mesmo fontes anteriores. O cantochão é também a música mais antiga ainda utilizada, sendo cantada não só em Mosteiros como também por coros leigos no mundo todo.